O ARTISTA
Francisco Brennand nasceu em 1927 em Pernambuco. Na sua trajetória se dedicou extensivamente aos seus processos artísticos que vão do desenho à pintura, da escrita à cerâmica, sendo esta última a que alcançou um reconhecimento extraordinário no Brasil e no exterior.
Com uma rotina de trabalho incansável, o artista produziu uma vasta obra, sendo notadamente reconhecido por criar seu universo mítico que reconhecia os saberes da natureza e investigava questões como a origem da vida atravessando um pensamento cosmológico. Foi este processo que orientou todo o seu fazer na criação de sua Oficina.
Ao longo de 72 anos de carreira artística, 49 desses vividos na Oficina, Francisco Brennand recebeu mais de 40 premiações, destacando-se o prêmio Gabriel Mistral, concedido pela OEA. Participante da 5ª, 11ª, 18ª e 20ª Bienal de São Paulo, além de ser um dos representantes do Brasil na 44ª Bienal de Veneza, sua produção circulou por mais de 130 exposições coletivas e individuais ao redor do mundo.



Em 2016, o artista realizou o sonho de ter seu diário transformado em livro. As mais de 2 mil páginas de suas memórias, escritas por ele ao longo de 60 anos, são publicadas em 4 volumes no Diário de Francisco Brennand, um dos vencedores do Prêmio Jabuti. Ao todo foram mais de 70 publicações sobre sua obra, entre livros, catálogos de exposições, revistas e artigos. As obras de Francisco Brennand encontram-se em coleções particulares, prédios públicos, museus e instituições culturais no Brasil e no mundo.
Francisco faleceu em 19 de dezembro de 2019, tendo produzido até os últimos dias de sua vida.

Nascido em 1927, o artista Francisco Brennand inicia sua carreira como pintor e desenhista aos 15 anos, acompanhando o trabalho do escultor Abelardo da Hora que trabalhava na fábrica de Porcelana São João fundada por seu pai, Ricardo Lacerda de Almeida Brennand.
Em 1947, aos 20 anos, Brennand ganha o 1º prêmio de pintura do 6º Salão de Arte do Museu do Estado de Pernambuco com uma paisagem intitulada “Segunda Visão da Terra Santa”
Em 1948, ganhou novamente o 1º prêmio do 7º Salão de Arte do Museu do Estado de Pernambuco com a obra “Frade em Oração” e uma menção honrosa, por seu “Autorretrato como Cardeal Inquisidor”.
Em 1949, aconselhado pelo pintor Cícero Dias, Brennand viaja a Paris para estudar pintura.
“Logo que cheguei a Paris, levado por Cícero Dias, vi uma belíssima exposição de cerâmicas de Picasso e fiquei, evidentemente, sem jeito...Você veja que a minha família se dedicava, há décadas, à arte e à indústria cerâmica. Eu tinha os preconceitos normais de um estudante de arte da época, a cerâmica estava inscrita dentro de uma arte menor, de uma arte decorativa e utilitária, o que não era verdade. A cerâmica era muitíssimo mais misteriosa do que o século 19 poderia supor, com suas falsas conceituações.”

“Coleções? Às vezes, junto seixos rolados que encontro, aqui e ali, esculpidos pela mão severa do tempo, portadores de uma matéria indecifrável a qual me curvo, sempre atento a descobrir o enigma da vida das formas."

“A pintura floral foi o começo do mundo da cerâmica.”

Em 1958, já de volta a Recife, Brennand realiza “Pastoral” seu primeiro mural cerâmico em espaço público, para o Aeroporto dos Guararapes, em Recife.
Em 1959, Brennand participa da V Bienal de São Paulo no MAM, com três telas mostrando grandes frutos tropicais, expostas ─ equivocadamente ─ no setor de artistas primitivos. Visitando a Bienal, André Malraux, então Ministro da Cultura da França, se deteve diante dos quadros e exclamou: “Magníficos e puros”.
No ano de 1961, inicia o mural da Batalha dos Guararapes, um dos maiores e mais importantes de sua carreira. Situado na Rua da Flores, em Recife, o mural tem 33 metros de comprimento por 3 metros de altura.
Em 1963, Brennand realiza um mural cerâmico floral para o prédio da Bacardi Export, em Miami. São 656m2 de área utilizando 28.234 azulejos.
Em 1971, aos 44 anos, Brennand entra na Oficina para nunca mais sair.
O artista cria uma rotina de trabalho incesssante, indo à Oficina religiosamente todos os dias da semana, produzindo desenhos, pinturas, murais, placas cerâmicas, esculturas e escritos.
De natureza reclusa e já pouco afeito ao convívio social o trabalho obsessivo de Brennand fez com que ele se isolasse cada vez mais do convívio com o resto do mundo, dedicando-se exclusivamente à construção de sua cidadela até o final de sua vida.


"....O eixo da minha obra é a pintura, e eu sou ceramista porque sou pintor. Eu acredito que a maior parte da nova geração não sabe nem sequer que eu incursionei pela pintura e que eu sou originariamente, basicamente, um pintor. Na realidade eu criei tudo isso como um vasto cenário, como se eu fosse, mais uma vez, um pintor.”

